É um suicídio em milhões de etapas. O gás da vida (oxigênio) é também o que nos vai oxidando... lentamente... envelhecendo... enfraquecendo... matando. Respirar!

O que é isso senão insistir para manter-se vivo? Respirar é a única insistência que vale a pena! A Vida não tem vitalidade por si só. Ela precisa de um Ser para existir. Loucura? A Vida precisa ser mantida pelo corpo em que reside. A Vida não tem vida... Logo, respirar é um esforço unilateral? É. O amor das pessoas não é Vida, pois tem vida. Logo, é injusto ser mantido por um esforço unilateral. Então eu me calo.

Se respirar é uma insistência para a vida e, ao mesmo tempo, um suicídio em milhões de etapas, é também o paradoxo que sintetiza a lógica da existência. Essa lógica da existência humana, tão ilógica e desumana!

Estou melancólica, mas não melancólica-explosiva, como me sentira outras vezes. Nunca fui tão eu, nunca havia reparado a área do meu pé que nunca toca o solo. Estou leve e solta, como nunca.